Uma adolescente de 16 anos foi vítima de uma violação colectiva perpetrada por mais de 30 homens numa favela do Rio de Janeiro. Imagens do acto atroz foram colocadas online, deixando o Brasil em choque, e grupos activistas já pediram à população brasileira que se mobilize e se manifeste nos próximos dias.
A polícia já identificou quatro dos alegados violadores e emitiu os respetivos mandados de captura.
Segundo o jornal O Globo, a menor, que teria um relacionamento com um rapaz de 20 anos, foi dormir a casa do namorado na sexta-feira, mas alega só ter acordado no domingo com mais de 30 homens à sua volta.
Aliás, o namorado é um dos homens entretanto identificados pela polícia e que a terá convidado para ficar em sua casa no fim de semana.
O Globo cita a avó da vítima, que garante que a adolescente foi drogada para não resistir durante os abusos.
«Quando acordei tinha 33 caras em cima de mim», disse a adolescente, que tentou diversas vezes fugir do hospital. «Só quero ir para casa», disse, citada pelo Globo.
Em lágrimas, o pai da rapariga, que pediu para não ser identificado, disse que a violação ocorreu sexta-feira no Morro São José Operário, em Praça Seca. «Ela foi a um baile, prenderam ela lá e fizeram essa covardia. Bagunçaram minha filha. Quase mataram ela. Estava gemendo de dor. Ficou tão traumatizada que só conseguia chorar», contou.
Os agressores colocaram online imagens da violação, através de uma conta no Twitter, entretanto suspensa. Nas imagens, a adolescente parece desmaiada e é visível o rosto de um dos homens presentes. No fim, gozaram com a situação e disseram frases como «engravidou de 30» ou «fizeram um túnel na ´mina`».
A rapariga só descobriu dias depois do crime que tinha sido feito um vídeo da violação, divulgado na Internet. Dois homens são suspeitos de terem colocado online as imagens da violação.
Chocados, os internautas reagiram nas redes sociais com a hastahg #eEstuproNuncaMais, criticando a «cultura de violação» que prevalece no Brasil.
A ONU Mulheres Brasil, delegação brasileira da entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Género e Empoderamento das Mulheres, já reagiu em comunicado às notícias da violação colectiva.
Aliás, como foi reportada nos últimos dias no estado do Piauí uma outra violação perpetrada por cinco agressores, a ONU Mulheres pediu que ambos os casos sejam investigados e que seja respeitada a dignidade e a privacidade das vítimas, que muitas vezes são discriminadas devido a preconceitos sexistas.
A vítima do Rio de Janeiro reagiu, entretanto, no Facebook, agradecendo o apoio demonstrado por todo o país.
No entanto, apesar da imensa corrente de apoio à vítima, também têm sido muitos os que têm feito comentários chocantes, responsabilizando a rapariga pelo que lhe aconteceu, tentando justificar a atrocidade com frases como: «quem se mistura com porcos farelo come. Errado de quem fez, muito mais errado ela que os procurou», e «a culpa é dela mesmo, coloca roupinha sensual semi-nua e quer o quê? A gente só acha o que procura, ela mereceu!», ou «ninguém é estuprada em casa lavando loiça».
A vítima é dependente de drogas e é mãe de um menino de três anos, o que também levou muitos a considerar como que justificada a barbárie.
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